Francisco, o Papa dos humildes
Papa Francisco; acessível, amável, incansável na luta contra as guerras e a favor de vida confortável aos que hoje morrem de fome.

Papa Francisco não foi apenas um líder religioso. Foi — e sempre será — um símbolo de simplicidade, de coragem e de humanidade em tempos tão carentes de empatia. Desde o momento em que apareceu na sacada da Basílica de São Pedro, em 2013, o mundo percebeu que algo diferente estava por vir. Com um olhar sereno e um gesto contido, escolheu o nome Francisco — em homenagem a São Francisco de Assis, o santo da pobreza e da paz. E, com isso, já deixou claro de que lado estaria: o lado dos pequenos, dos esquecidos, dos invisíveis.
Ele não quis palácios nem tronos. Recusou os luxos do Vaticano e preferiu viver em uma residência simples. Usou sapatos gastos, carregou a própria mala e sempre fez questão de lembrar que ser Papa não o tornava mais importante do que ninguém. Sua humildade não era pose — era essência.
Francisco foi o primeiro Papa vindo da América do Sul, de uma Argentina marcada por crises sociais, ditaduras e favelas. Essa vivência o moldou. Conhecia de perto a dor dos oprimidos. E foi essa experiência que levou para Roma, junto com o sotaque portenho e o coração latino. Lutou contra as guerras, ergueu a voz em defesa dos refugiados, condenou a ganância dos mercados, e nunca deixou de criticar uma Igreja que, por vezes, se esquece do Evangelho quando se aproxima demais do poder.
Enquanto o mundo se dividia em ódio, extremismos e muros, Francisco pregava pontes. Foi inovador ao abrir diálogos com outras religiões, ao acolher os LGBTQIA+, ao abraçar a ciência e ao enfrentar, com coragem, temas espinhosos como o meio ambiente e os abusos cometidos por membros do clero. Não foi um Papa perfeito — nenhum ser humano é. Mas foi, talvez, o mais próximo que muitos viram da mensagem original de Cristo: amor, serviço e entrega.
Francisco deixará um legado que ultrapassa fronteiras e dogmas. Será lembrado como o Papa da paz, dos pobres, dos que nunca tiraram a sorte grande. Um pastor que caminhou com o rebanho, sentiu o cheiro das ovelhas e falou a linguagem do povo. Um Papa que não se contentou em rezar pelo mundo, mas que arregaçou as mangas para tentar mudá-lo — ainda que um pouco, ainda que aos poucos.
E é assim que ele será lembrado: com carinho, respeito e eterna gratidão.
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