25 anos de impunidade e agora censura impedindo a exibição do documentário sobre o assassinato de Donizetti Adalto

Documentário sobre o assassinato de Donizetti Adalto é censurado a pedido de Djalma Filho, acusado em todo processo aos longo desses 25 anos de ter sido o mandante. Agora tenho certeza que se todos ficarem olhando para o céu do Piauí, vão ver “vaca voado”.

25 anos de impunidade e agora censura impedindo a exibição do documentário sobre o assassinato de Donizetti Adalto
Donizetti Adalto, assasinado, Erlan Bastos, Diretor do Documentário sobre a eliminação do jornalista e Djalma Filho

POR ALLISSON PAIXÃO

Advogado Djalma Filho vai à Justiça e suspende documentário sobre o Caso Donizetti Adalto que seria exibido na TV Meio Norte

O advogado Djalma Filho entrou com um processo na Justiça e conseguiu suspender a exibição do documentário sobre o Caso Donizetti Adalto, que seria exibido nos próximos dias na TV Meio Norte.

Produzido pelo jornalista Erlan Bastos, o documentário estava em fase final de produção. Traria com uma riqueza de detalhes tudo o que envolve um dos casos mais emblemáticos do Piauí, que foi a morte do jornalista Donizetti Adalto.

A fatalidade, inclusive, completa neste mês de setembro 25 anos, mais precisamente nesta terça-feira, dia 19 de setembro de 2023. Donizetti era, em 1998, candidato a deputado federal e, segundo as pesquisas, liderava a corrida eleitoral. Ele estava no carro do seu colega de chapa, Djalma Filho.

Segundo a acusação apontou, o advogado, que disputava uma cadeira de deputado estadual em dobradinha com o jornalista, seria o mandante do crime. Ele passou então a responder pelo crime, até a realização do julgamento, que só aconteceu quase 24 anos depois. Em abril do ano de 2022, Djalma Filho foi absolvido pelo Tribunal Popular do Júri.

Nesta segunda-feira (18/09), mais uma vitória para o advogado nos tribunais. Por ordem do Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Teresina determinou que Erlan Bastos e a TV Meio Norte, colocadas como “rés” no processo, “retire ou se abstenha de colocar o nome, referência, alusão, menção e imagem” do documentário, que se chama “O Tiro da Injustiça”, dos programas da emissora ou de qualquer streaming.

O documentário marcaria a estreia do MN Play, a plataforma de streaming do Grupo Meio Norte, que quer entrar no seleto grupo que hoje possui marcas como Netflix, Disney, Amazon Prime Video e Globoplay, por exemplo. O prazo dado para retirada foi de 24 horas, “sob pena de multa diária no valor de R$ 1 mil até o limite de R$ 50 mil”. Há cerca de um mês, Erlan Bastos concedeu entrevista ao OitoMeia e falou sobre a expectativa do lançamento do doc. A peça processual é assinada por Clélia Jeane Sousa de Queiroz, secretária da 3ª Vara Cível da Comarca de Teresina. O processo diz respeito à Direito de Imagem e trata-se de um mandado de citação com liminar tutela de urgência.

O QUE DIZ ERLAN BASTOS

Procurado pelo OitoMeia, em nome da emissora, o produtor do conteúdo Erlan Bastos considera um absurdo sem precedentes. Chama de censura e explica que a ação inviabiliza todo o projeto, pois o documentário é completamente baseado no que investigou a Polícia Civil e com base no inquérito do Ministério Público que, na época, colocou Djalma Filho como mandante do assassinado de Donizetti Adalto. Garante que vai recorrer: “Um absurdo sem precedentes. 2023 esse tipo de censura. Uma história que é pública. Vamos recorrer sem dúvidas”.

O CASO DONIZETTI ADALTO 

Paraense Donizetti Adalto se tornou um dos jornalistas mais conhecidos do Piauí por sua maneira destemida de apresentar suas reportagens. Enfrentou muitos poderosos a frente do programa de maior audiência na década de 90, que era o “MN 40 Graus” na TV Meio Norte. O sucesso foi tanto que ele se lançou candidato a deputado federal e, como tal, fazendo campanha, foi espancado e assassinado a tiros na madrugada do dia 19 de setembro de 1998, na Avenida Marechal Castelo Branco, no bairro Primavera, zona Norte de Teresina. Vereador da capital na época, Djalma Filho, que estava com o jornalista dentro do carro e foi o único a sair ileso, foi denunciado pelo MP como mandante do crime. Depois de muitos adiamentos, ele foi finalmente julgado, em abril do ano de 2022, e foi absolvido. O caso foi retratado aqui pelo OitoMeia no Casos Podcast, que dedicou três episódios, que você pode assistir a seguir:

https://www.oitomeia.com.br/podcasts